No UOL, David Andrade Silva, analisa liquidação extrajudicial que excluiu o Banco Master do sistema financeiro
Publicado em 18.11.2025 no UOL
Imagem: Divulgação/Banco Master
O BC (Banco Central) determinou a liquidação extrajudicial do Banco Master. A determinação surge após os indícios de irregularidades da instituição e resulta na remoção do banco do Sistema Financeiro Nacional.
O que aconteceu
BC determinou a liquidação extrajudicial do Master. A decisão é uma mexida drástica para interromper o funcionamento de uma instituição. Com a determinação, o banco é removido do SFN (Sistema Financeiro Nacional).
Decisão só é tomada em duas hipóteses. Segundo o BC, a liquidação extrajudicial é determinada em "situação de insolvência irrecuperável" ou quando forem constatadas "graves infrações às normas que regulam sua atividade, entre outras hipóteses legais.”
Liquidação é equivalente à falência da instituição.
“A liquidação é definitiva, irreversível e dissolutória. Representa uma 'luz vermelha' para a instituição, que deixa o sistema financeiro e entra no processo semelhante a uma falência administrativa.”
David Andrade Silva, especialista em direito societário e tributário
Autoridade monetária nomeia um "liquidante". A selecionada pelo BC foi a EFB Regimes Especiais de Empresas Ltda (CNPJ 43.336.034/0001-64). A empresa ficará responsável pela venda de ativos do Master e o manejo dos pagamentos aos credores do banco.
“É semelhante aos parâmetros que se tem na falência de empresas, onde é nomeado um ente externo por um juiz. No caso de um banco, quem nomeia é o Banco Central, que também determina alguém para conduzir a liquidação da suposta massa falida.”
Rafael Mortari, advogado de investimentos
FGC (Fundo Garantidor de Créditos) também será acionado. O recurso representa um "seguro" aos investidores e correntistas com ativos da instituição liquidada. O FGC garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição bancária. "Realmente vai ficar difícil de quem tinha mais de R$ 250 mil em CDB receber algo", avalia Mortari, Ele explica que os clientes e empresas na situação serão incluídos na lista de credores do banco.
Irregularidades do Master envolvem ofertas atrativas de CDBs. O modelo expandiu a carteira de ativos do banco nos últimos anos. Com as ofertas agressivas, a carteira em depósitos de CDB do Master saltou de R$ 2,5 bilhões para mais de R$ 40 bilhões desde 2019. As operações consideradas de alto risco fizeram o banco enfrentar dificuldades para manter suas operações.
BTG desistiu de comprar fatia do Master após ver relatórios. O banco teria desistido da possibilidade de negócio após acessar a carteira de ativos do Master. Em reportagem do UOL publicada em abril, fontes revelaram que o BTG identificou que mais de 80% da carteira de precatórios do Master eram ativos de alto risco ainda pendentes de decisões judiciais.
BC impediu a venda do Master para o BRB (Banco de Brasília). A decisão tomada em setembro suspendeu o contrato de compra e venda de ações entre as instituições celebrado em março. A negociação inicial envolvia R$ 50 bilhões em ativos e deixava de fora R$ 23 bilhões em títulos de baixa liquidez, aqueles vistos como problemáticos.